Tem algo na maneira como as mulheres foram retratadas ao longo da história que nos faz acreditar que precisamos ser protegidas por alguém. Uma ideia antiquada que insiste em dizer que a nossa força está em ser cuidadas, resguardadas, tratadas com uma delicadeza que, na verdade, mais serve para nos aprisionar do que para nos libertar.
Eu penso nas mulheres corajosas. Nas que, mesmo em tempos onde se esperava que se calassem, gritaram sua verdade. Nas que, mesmo em épocas em que se esperava que se aquietassem, ergueram a cabeça e tomaram as rédeas da própria vida. Mulheres que, por mais que tenham sido tratadas como frágeis, são a personificação de uma força que não cabe em estereótipos. Naquelas que, mesmo correndo risco, não abaixaram a cabeça para ninguém.
As mulheres corajosas estão aí para provar todos os dias que não precisamos de ninguém para sermos livres. Nem de uma aprovação, nem de uma justificativa, nem de uma proteção que nos diminua. Mulheres corajosas não esperam ser salvas, porque sabem que já possuem tudo o que precisam dentro de si. E isso assusta. Assusta porque quebra o ciclo. Porque ao não precisarem ser protegidas, elas se tornam ainda mais perigosas para um sistema que se sustenta em sua vulnerabilidade. Elas são fortes, mas nem por isso são menos femininas. Elas têm o direito de ser tudo o que quiserem, e ninguém tem nada a ver com isso.
Parece simples, mas não é. Durante muito tempo, fomos condicionadas a acreditar que o melhor papel para uma mulher era o de ser delicada, submissa, afetuosa. Que era obrigatório casar, ter filhos, formar uma família e cuidar do lar. O homem, ao contrário, era o provedor, o que tomava decisões, o que detinha o controle. E, quando não éramos cuidadas por um homem, a imagem era de que estávamos perdendo algo essencial — como se, sem alguém nos guiando, nos tornássemos incompletas, perdidas. Mas eu vejo de outra forma. Ao longo da minha vida, aprendi que, na verdade, ser uma mulher corajosa é descobrir que você pode ser dona do próprio destino, sem depender de ninguém para tomar as rédeas da sua vida. Você pode ser forte, inteligente, apaixonada e, acima de tudo, livre. E isso é magnífico!
E ser livre não significa ser solitária, pelo contrário: a liberdade feminina está em ser capaz de se conectar com os outros sem precisar de algo em troca. Está em ter relacionamentos baseados em escolha, na parceria e não na dependência. Mulheres que não precisam ser protegidas por um homem são aquelas que não têm medo de olhar para dentro e descobrir que não existe nada de errado em se bastar. Mulheres corajosas são aquelas que, por mais que amem e se entreguem, não se sentem ameaçadas pela ideia de não serem “salvas” por alguém. Elas sabem que a salvação já aconteceu: elas se salvaram.
Ser uma mulher corajosa é também saber que podemos ser tudo o que quisermos ser — sem desculpas, sem medo de parecer duras ou intransigentes. É entender que, sim, podemos ser sensíveis, mas também firmes. Podemos ser amorosas, mas também decididas.
Às vezes, é um choque perceber que a liberdade feminina não é algo que nos foi dado, mas algo que, ao longo do tempo, conquistamos. E foi dureza, viu? Não é uma dádiva que vem de fora, é uma revolução interna. Somos livres quando conseguimos olhar para o espelho e ver uma mulher que não precisa de aprovação, que não precisa pedir desculpas por ser quem é.
Ser corajosa é também entender que não precisamos ser perfeitas, mas podemos ser inteiras. A liberdade feminina está em poder ser múltiplas, sem nos encaixar em nenhum molde. Está em tomar as rédeas da nossa vida sem esperar que alguém nos diga como fazer isso. Está em ser dona de si.
Mulheres corajosas não têm medo de viver sem rótulos, sem papéis preestabelecidos. Sem correntes. Elas sabem que a liberdade é escolher seus próprios caminhos. E isso, meu caro, não tem preço.
Até o próximo texto!
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